20 de abr. de 2013

Assistência versus transformação




Sua formação é completa e a convivência com a política, desde cedo, aflorou sua consciência social. Foi dessa forma que, mesmo antes de se tornar cadeirante, o militante Adelino Ozores atentou para a necessidade de mobilização da sociedade em prol de seus direitos. Mas nem sempre é assim. Para muitas pessoas com deficiência (PCDs), a situação socioeconômica (que define o acesso à educação, entre outros recursos básicos) é fator que impossibilita uma visão mais ampla sobre as próprias limitações, sobre a questão da deficiência como causa coletiva e, mesmo, sobre a própria condição social. É no sentido de melhorar a vida desse público que devem atuar as decisões públicas. Mas no entanto, sob o guarda-chuva de alguns programas sociais, "não ocorre o empoderamento", explica Ozores.

Há, então, apenas assistência. E segue-se sem que os principais interessados no assunto tomem, de fato, as rédeas de políticas públicas que lhes favoreçam (o verdadeiro empoderamento). É desse ciclo de assistencialismo que precisam sair essas pessoas, entende Ozores, que defende ampla e irrestrita mobilização nos âmbitos da sociedade civil e governamental. Atuando há tempos nessas duas frentes, tendo sido candidato a vereador nas últimas eleções municipais, ele comenta essa tênue relação entre auxílio e transformação.

Divulgação
Adelino Ozores é bacharel em Direito, jornalista e ativista socioambiental. É paulista, tem 57 anos e cresceu no bairro paulistano da Freguesia do Ó. Conviveu com as crianças do Instituto de Cegos Padre Chico, no centro de São Paulo, período em que se envolveu com as artes. Adolescente ainda, deu seus primeiros passos na política em 1969, no Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Em 1975, largou tudo para ingressar no Exército Brasileiro, quando, em treinamento, sofreu acidente que o deixou tetraplégico, mantendo- o em vida hospitalar por três anos. Em 1978, entre internações e cirurgias, iniciou um movimento pela cidadania das pessoas com deficiência, o Integração, engrossando o caldo de ações que ganharam força quando do lançamento, em 1981, do Ano Internacional das Pessoas Deficientes pela ONU.
Nessa época mudou-se para o Alto da Boa Vista, no bairro também paulistano de Santo Amaro, região onde atua politicamente, por meio do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Social e Cultura de Paz (Cades). Também integra as organizações Vez da Voz e Rede Atitude. Sobre seu trabalho nessas instituições e seus pontos de vista ele fala com exclusividade à