Educadora, especialista em acessibilidade e gestão inclusiva.
Que momento estranho é esse em que instituições educadoras se recusam a cumprir a sua responsabilidade para com a promoção da igualdade e da justiça? Me pergunto se a Confenen (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino) ao entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), no último dia 3 de agosto, no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a obrigatoriedade de assegurar educação aos estudantes com deficiência se deu ao trabalho de tomar conhecimento da Convenção sobre os Direitos das PcD. Esta Convenção tem status de emenda constitucional no Brasil e está alinhada às políticas, pesquisas e práticas de países mais desenvolvidos. Estamos discutindo a partir de argumentos usados na década de 60 nestes países, de forma discriminatória e vexatória para o contexto atual.
Particularmente, eu jamais colocaria um filho meu sem deficiência em uma escola não inclusiva de fato. E não só por uma questão ética de acreditar que faz parte da aprendizagem desenvolver o reconhecimento do direito do outro e a valorização da diversidade, ou religiosa em que devemos amar o próximo como a nós mesmos; mas porque eu amaria meus filhos o suficiente para saber que roubar deles a oportunidade de lidar com a diversidade funcioanal os tornariam menos capazes e menos hábeis para lidar com as diferenças, características fundamentais para um líder. E são com pessoas competentes no lidar e acolher a diversidade humana que meus filhos teriam de competir para crescer profissionalmente. Uma das principais dificuldades enfrentadas hoje pelas empresas para cumprirem a Lei de Cotas para profissionais com deficiência, é a falta de preparo dos profissionais brasileiros para gerir as questões referentes à diversidade. Onde será que não aprenderam?
A outra razão é que 80% das pessoas com deficiência adquirem a deficiência ao longo da vida, ou seja, os filhos que tanto amaria poderiam adquirir uma deficiência a qualquer momento e eu ficaria mais tranquila em saber que se algo tão possível acontecesse, meus filhos continuariam a ter seus direitos básicos à educação, participação social e à vida comunitária garantidos. Compreendo o medo do desconhecido, mas não compreendo a recusa em buscar as respostas para lidar com o “novo” (novo? eu disse que o tema é discutido desde a década de 60...). Essa recusa é totalmente avessa ao papel do educador, da educação e da formação de agentes transformadores, que devem ser os alunos.
Como está claro na citada Convenção (ratificada no Brasil em 2009), a desvantagem do aluno com deficiência não é gerada por uma limitação física, sensorial, mental ou intelectual, mas sim pela relação destas características funcionais com as barreiras atitudinais e ambientais presentes nas escolas, como o preconceito e a falta de conhecimento necessário e obrigatório a qualquer instituição ou profissional que pretenda trabalhar com a aprendizagem de seres humanos.
A impressão que se tem é que as escolas privadas estão tentando transferir sua incompetência de gestão (educação inclusiva se faz com sensibilidade, mas também com gestão inclusiva e conhecimento técnico) para as pessoas com deficiência e, pasmem, para crianças com deficiência. Constrangedor para adultos que se apresentam como profissionais qualificados. Em uma época que na formação de indivíduos preparar para o mercado de trabalho é obrigatório, me pergunto quem quer pagar por um serviço que coloca seus filhos anos luz atrás de outros profissionais “concorrentes”. Conviver com a deficiência e compreender a diversidade funcional será últil e um diferencial em qualquer profissão.
A inclusão educacional é possível sim e qualquer instituição escolar privada que desconheça a aplicação do Desenho Universal para promover as mudanças necessárias deveria ser fechada. Isso apenas mostra o quanto nossas escolas e educadores (a maioria infelizmente) ainda são preconceituosas e excludentes. Se a educação que tem o papel de propor a reflexão e mostrar novas perspectivas é retrógada e ignorante em um tema atual e fundamental para o desenvolvimento de uma nação, o que esperar dos frutos dessa educação?
Acessibilidade e direitos de pessoas com deficiência é um caminho sem volta. Seja para atender ao público, prestar serviços virtuais ou presenciais, gerir em grandes corporações ou ainda ensinar. Provavelmente se estas pessoas tivessem tido a oportunidade de desenvolver as habilidades necessárias para lidar com a diversidade funcional e os direitos humanos, não estariam, neste momento, sendo tão preconceituosas. Afinal, o fato de não saber a resposta, não significa que ela não exista, mas que você ainda não a encontrou. Seja por ignorância, comodismo, medo ou preguiça.
Que momento estranho é esse em que instituições educadoras se recusam a cumprir a sua responsabilidade para com a promoção da igualdade e da justiça? Me pergunto se a Confenen (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino) ao entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), no último dia 3 de agosto, no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a obrigatoriedade de assegurar educação aos estudantes com deficiência se deu ao trabalho de tomar conhecimento da Convenção sobre os Direitos das PcD. Esta Convenção tem status de emenda constitucional no Brasil e está alinhada às políticas, pesquisas e práticas de países mais desenvolvidos. Estamos discutindo a partir de argumentos usados na década de 60 nestes países, de forma discriminatória e vexatória para o contexto atual.
Particularmente, eu jamais colocaria um filho meu sem deficiência em uma escola não inclusiva de fato. E não só por uma questão ética de acreditar que faz parte da aprendizagem desenvolver o reconhecimento do direito do outro e a valorização da diversidade, ou religiosa em que devemos amar o próximo como a nós mesmos; mas porque eu amaria meus filhos o suficiente para saber que roubar deles a oportunidade de lidar com a diversidade funcioanal os tornariam menos capazes e menos hábeis para lidar com as diferenças, características fundamentais para um líder. E são com pessoas competentes no lidar e acolher a diversidade humana que meus filhos teriam de competir para crescer profissionalmente. Uma das principais dificuldades enfrentadas hoje pelas empresas para cumprirem a Lei de Cotas para profissionais com deficiência, é a falta de preparo dos profissionais brasileiros para gerir as questões referentes à diversidade. Onde será que não aprenderam?
A outra razão é que 80% das pessoas com deficiência adquirem a deficiência ao longo da vida, ou seja, os filhos que tanto amaria poderiam adquirir uma deficiência a qualquer momento e eu ficaria mais tranquila em saber que se algo tão possível acontecesse, meus filhos continuariam a ter seus direitos básicos à educação, participação social e à vida comunitária garantidos. Compreendo o medo do desconhecido, mas não compreendo a recusa em buscar as respostas para lidar com o “novo” (novo? eu disse que o tema é discutido desde a década de 60...). Essa recusa é totalmente avessa ao papel do educador, da educação e da formação de agentes transformadores, que devem ser os alunos.
Como está claro na citada Convenção (ratificada no Brasil em 2009), a desvantagem do aluno com deficiência não é gerada por uma limitação física, sensorial, mental ou intelectual, mas sim pela relação destas características funcionais com as barreiras atitudinais e ambientais presentes nas escolas, como o preconceito e a falta de conhecimento necessário e obrigatório a qualquer instituição ou profissional que pretenda trabalhar com a aprendizagem de seres humanos.
A impressão que se tem é que as escolas privadas estão tentando transferir sua incompetência de gestão (educação inclusiva se faz com sensibilidade, mas também com gestão inclusiva e conhecimento técnico) para as pessoas com deficiência e, pasmem, para crianças com deficiência. Constrangedor para adultos que se apresentam como profissionais qualificados. Em uma época que na formação de indivíduos preparar para o mercado de trabalho é obrigatório, me pergunto quem quer pagar por um serviço que coloca seus filhos anos luz atrás de outros profissionais “concorrentes”. Conviver com a deficiência e compreender a diversidade funcional será últil e um diferencial em qualquer profissão.
A inclusão educacional é possível sim e qualquer instituição escolar privada que desconheça a aplicação do Desenho Universal para promover as mudanças necessárias deveria ser fechada. Isso apenas mostra o quanto nossas escolas e educadores (a maioria infelizmente) ainda são preconceituosas e excludentes. Se a educação que tem o papel de propor a reflexão e mostrar novas perspectivas é retrógada e ignorante em um tema atual e fundamental para o desenvolvimento de uma nação, o que esperar dos frutos dessa educação?
Acessibilidade e direitos de pessoas com deficiência é um caminho sem volta. Seja para atender ao público, prestar serviços virtuais ou presenciais, gerir em grandes corporações ou ainda ensinar. Provavelmente se estas pessoas tivessem tido a oportunidade de desenvolver as habilidades necessárias para lidar com a diversidade funcional e os direitos humanos, não estariam, neste momento, sendo tão preconceituosas. Afinal, o fato de não saber a resposta, não significa que ela não exista, mas que você ainda não a encontrou. Seja por ignorância, comodismo, medo ou preguiça.