12 de nov. de 2015

Exposição em Rio Claro recria obras para público com deficiência visual



by Ricardo Shimosakai
Gilmar e Maria Helena puderam apreciar as peças com as mãos
Gilmar e Maria Helena puderam apreciar as peças com as mãos
Uma exposição em Rio Claro (SP) apresenta uma forma diferente de apreender a arte. Marcada pela diversidade, a mostra “De tempo a tempo” tem entrada gratuita e traz esculturas e pinturas que, recriadas, podem ser tocadas pelo público. A ideia, de acordo com os organizadores, é garantir que todos possam participar e contemplar as peças, expostas no Casarão da Cultura até 30 de novembro
“A diversidade se apresenta nos estilos, nas técnicas, nas épocas, nos materiais”, enumerou a coordenadora da Pinacoteca, Ilídia Faneco.
Ela está também na forma de apreciar as peças. Na sala sensorial, os olhos dividem espaço com as mãos, que podem tatear quadros recriados com relevo. Assim, mesmo quem não pode ver consegue sentir a mensagem dos artistas.
As obras ganharam formas através do trabalho do artista plástico Eraldo Carlos Lacerda, que fez questão de garantir a semelhança nos mínimos detalhes. “Senti os cabelos, ela está sorrindo, ela está feliz”, descreveu Gilmar Lopes da Silva, que perdeu a visão há 12 anos, depois de um acidente de moto.
“Eu comecei a me interessar por arte depois que eu sofri o acidente, aí começou a me interessar. O olho da gente está nas mãos, então, tocando, a gente vê como as coisas são e descobre como são bonitas”.
Maria Helena Pereira também perdeu a visão. Ela deixou de enxergar quando tinha 14 anos, por causa do glaucoma, e ficou feliz por conseguir apreciar as obras da exposição sozinha, sem que ninguém tivesse que descrever as peças. “É maravilhosa”, opinou sobre uma das peças.
Teste
Mas será que tanta sensibilidade também cabe nas mãos de quem enxerga? Os estudantes Yasmim Labecca e Artur de Castro, de 13 anos, foram vendados e fizeram um teste. O resultado: ficou difícil acertar as imagens retratadas.
“Acho muito legal a ideia do museu de fazer isso para as pessoas que têm deficiência. É uma coisa nova. Eles perderam a visão e podem sentir como é o quadro”, disse Artur. “É muito legal. A ansiedade de ver o que é, como é”, completou Yasmim.
“Eu acho muito bacana porque você já está despertando uma consciência nessas crianças de que é preciso respeitar a diversidade, é preciso que haja espaço para todos na sociedade”, afirmou Ilídia.
Fonte: G1